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                      O Mito do Herói  -  por Sebastião Prado

30 JUN 2015
30 de Junho de 2015
Quando era criança eu acreditava em heróis. Meus heróis foram: Super-Homem, Durango Kid, Zorro, Batman, entre outros muitos que moraram na minha fértil imaginação. Mas eu cresci e meus heróis foram se distanciando aos poucos. As necessidades impostas pela vida madura me fez distanciar deles.

Não chego a afirmar como o Cazuza, que meus heróis morreram de overdose, mas eles foram sumindo da minha vida de uma forma inexplicável, como nuvens se dissipando vagarosamente.

A bem da verdade eles continuaram a permear meus sonhos e pensamentos por algum tempo ainda, bem escondidos na profundeza da minha mente. De quando em vez apareciam e da mesma forma sumiam numa vertiginosa velocidade. Quando surgiam obstáculos na minha frente e eu não conseguia superá-los apelava para que meus heróis viessem em meu socorro. Deixei muitas vezes de encontrar soluções para meus problemas porque dependia da ação deles. Acreditar em heróis me fez, de certa forma, fraco. O mito do herói com superpoderes me fez acreditar que eu era muito vulnerável. Me culpava por não ser poderoso.

Por muitos anos vivi a ilusão de que precisava me transformar no Super-homem ou outro herói qualquer para salvar a humanidade. Era uma decepção atrás de outra. Eu simplesmente não podia ser outra pessoa. Precisava penetrar no fundo do meu ser e descobrir que eu era.

Custou muito para eu entender que não era minha responsabilidade os grandes feitos. A minha missão não era realizar os trabalhos dos heróis e sim cuidar das minhas pequenas coisas, com simplicidade mas com sabedoria.

O grande problema do mito de herói é que às vezes terceirizamos aquilo que é de nossa competência e queremos resolver o que é da competência de outrem. Queremos que os heróis resolvam nossos problemas e por muitas vezes acreditar que eles o farão nos torna cada vez mais fracos.

Colocar a culpa de nossa fragilidade nos governantes, nos políticos anti-heróis, na corrupção, etc.  é mais cômodo do que partir para a ação. Os meios de comunicação em massa contribuem grandemente para que fiquemos cada vez mais dependentes dos heróis quando anunciam que os bandidos estão tomando conta das nossas vidas. O que seria de Gothan City sem o Batman? E Metrópolis sem o Super-Homem?

Demorou para que eu reconhecesse que o culpado pelos meus problemas sou eu mesmo e que a responsabilidade pelas soluções também é minha, não tem como terceirizar. Aparentemente isso acontece com muitas pessoas, haja visto que algum tempo atrás surgiu no imaginário popular um herói chamado Joaquim Barbosa, e antes dele um outro apelidado de “caçador de marajás” chamado Fernando Collor, que se tornou presidente da República pelo voto popular e sofreu impeachment por falcatruas no governo. Para muitos, Joaquim Barbosa iria salvar o Brasil das garras da corrupção, a começar pelos envolvidos no “mensalão”. Virou a esperança do povo. Queriam ele como presidente da República, mas os vilões agiram rápido e encontraram um meio de parar nosso herói: aposentadoria.

O que faremos agora? Procuramos novos heróis? Assumimos a responsabilidade nas urnas, nas ruas ou .......

Não tenho as respostas. Não tenho a pretensão mais de mudar o mundo. Quero apenas contribuir com a parte que me cabe no processo de mudança. 
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